A força que vem do descrédito

A força que vem do descrédito dos meios em que vivemos, principalmente quando somos diferentes de padrões cruéis e pré-estabelecidos.

Viver o cotidiano desse país já não é muito fácil, e quando se faz parte de uma minoria, isso pode ser ainda mais difícil.

Apesar de irônico, mesmo diante de toda a pluralidade do nosso povo, ainda sofremos os males que a normatização tenta impor em nossa cultura.

Seja pelo poder aquisitivo, seja pela cor da pele, seja pela religião ou, claro, pela sexualidade, não fazer parte do que se considera como o ideal por uma maioria iludida pode fazer com que o indivíduo sofra muito, mesmo para conquistar coisas simples.

Um forte exemplo disso para mim é o reconhecimento profissional. Eu mesmo, durante muito tempo, tive de me esforçar mais que os meus colegas de trabalho para conquistar o mesmo reconhecimento deles.

Mesmo hoje, eu tenho me dedicado mais que meus colegas para me manter no mesmo nível de reconhecimento que eles. Talvez muito disso venha do fato de que quando alguém acredita ilusoriamente na existência de algo errado no outro, passa a duvidar deste em diversos aspectos.

Tal juízo de valor pode então atrapalhar muito esse indivíduo, que se vê trabalhando muito mais, para conquistar as mesmas coisas que seus pares, e nisso é possível incluir pobres, negros, mulheres, homossexuais e outros que podem ser considerados como inferiores ou mais incapazes nesse cenário machista e cheio de normativas em que vivemos.

Também é interessante observar o quanto esse esforço extra que fazemos nos amadurece rapidamente.

Eu, por exemplo, me surpreendo toda vez que perguntam minha idade. Responder me faz lembrar o quanto ainda posso ser considerado jovem, apesar de me sentir já tão velho por ter vivido tantas coisas e ter travado tantas batalhas.

De qualquer maneira, é perceptível que esse sofrimento e essas batalhas nos moldam mais resistentes, flexíveis e maduros, logo há nisso um lado positivo, há algo que nos melhora como indivíduos.

Portanto devemos continuar firmes e fortes, pois na força que vem do descrédito pode estar a oportunidade de transcendermos e ascendermos como seres humanos ainda melhores.

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