Homens bonitos estão em todos os lugares, mas somos educados a não enxergá-los pela nossa cultura que valoriza somente certos tipos fÃsicos.
Eu me lembro, por exemplo, das várias vezes em que minha mãe, a pessoa mais incrÃvel deste mundo (claro!), me falou o quanto eu sou bonito.
A seus olhos, eu sou um partido imperdÃvel, seja para meninos ou para meninas, e assumo que pela minha grande afeição por ela (rs), eu acreditei em suas palavras por um bom tempo.
Porém, isso sofreu uma pequena alteração tão logo soube da minha querência pelos garotos, afinal, poucas coisas podem impactar tão negativamente na autoestima de alguém quanto algumas baladas gays.
A primeira vez que circulei por ambientes homossexuais em São Paulo, por exemplo, percebi que o mundo do arco-Ãris tinha menos cores do que eu supunha. E nas baladas famosas essa sensação foi ainda pior.
Mesmo não me considerando um cara feio, assumo que estou longe de certos ideais que parecem ser bem valorizados nesses lugares, e senti certa rejeição por eu não ter o peitoral do Chris Hemsworth (foto abaixo), ou pelo fato de eu não ser ele como um todo.
Naquele momento, quando eu estava descobrindo minha própria sexualidade e os ambientes gays, o impacto disso foi bem forte e não foi fácil manter o desejo de buscar por um cara bacana e mesmo descobrir mais sobre este mundo ao qual eu supostamente pertencia.
O interessante é que, apesar de a mÃdia em geral focar nos gays gostosões, grande parte do mundo está longe dos ideais por eles demonstrados.
Isso é muito parecido com as produções pornográficas, por exemplo, onde quase todos os caras tem corpos trincados e paus enormes, diferente da grande maioria dos homens do mundo.
Para o universo pornô isso é bastante usual – não que seja certo -, afinal eles vivem da comercialização de fetiches, mas levar isso para dentro da balada ou para uma paquera é um tanto quanto desnecessário e até contraproducente.
Eu sei que somos seres visuais, mas isso não precisa se tornar o único valor de troca entre nós, afinal aquele gordinho pode ser o cara incrÃvel que vai roubar seu coração. Que tal se permitir?
E eu sei que romper paradigmas pode ser bem difÃcil, afinal eu mesmo demorei a assumir para os amigos que gostava de homens gordos por que sabia da resistência e piadinhas que enfrentaria.
Foi quase uma segunda saÃda do armário, uma vez que a estética vigente difere disso e não prega a mútua convivência, ao contrário, tenta desvalorizar o que foge de seus padrões, mas eu o fiz e hoje sou bem feliz com isso (até converti alguns amigos comigo).
E veja bem, este não é um manifesto contra os aqueles que construÃram seus corpos trincados nas academias, e seus respectivos admiradores, mas sim um convite para que todos se permitam ver a beleza que vai além disso.
Que tal um encontro todo as cegas? Que tal experimentar olhar para outros tipos fÃsicos e aparências?
E com isso eu não nego a importância da atração fÃsica, porém ressalto que vezes é necessário desafiar o status-quo e aquilo que aprendemos exaustivamente nas mÃdias para descobrir um tesouro que vai além dos olhos.
E para que consigamos lidar com tudo isso, continuemos firmes e fortes.