O perfeccionismo pode ser um desafio para pessoas LGBTs, principalmente porque, segundo o terapeuta Kimeron Hardin (2000), diante do preconceito e da sensação de ser errado ou inadequado que ele traz, podemos desenvolver uma busca intensa de sermos perfeitos para compensar essa imaginária inadequação.
A escritora Brené Brown (2013) lembra, inclusive, que a busca pela perfeição esconde o medo de ser humilhado por ser o que se é, e aparece como antidoto para o receio de nunca se sentir bom o bastante para ser notado, amado, aceito ou mesmo conquistar um objetivo.
Não à toa, por exemplo, que muitas vezes pessoas LGBTs se esforçam mais que seus pares heterossexuais para alcançar o sucesso, pois acreditam serem menos merecedoras de conquistas ou reconhecimento.
E mesmo tendo algum reconhecimento, pode ser que continuemos a acreditar que nunca somos bom o bastante, magro o bastante, bem-sucedido o bastante, inteligente o bastante e por aà vai.
Portanto, essa busca pelo perfeccionismo pode ser muito prejudicial, nos levando inclusive a quadros sérios com doenças psicológicas e até fÃsicas.
Viver com a pressão constante de ser perfeito, seja na aparência, nas conquistas profissionais ou pessoais, no poder aquisitivo ou outras tantas, podem nos levar a fazer escolhas não saudáveis para nosso corpo fÃsico e pressionar tanto nossa mente que ficamos doentes.
Mas para lidar com isso, um primeiro passo possÃvel é entendermos que somos iguais e tão merecedores de tudo quanto qualquer outra pessoa, seja ela LGBT+ ou não.
Para isso talvez seja necessário suporte terapêutico, e reconhecer isso e buscar ajuda já é um grande passo.
Além disso, a seguir temos alguns passos já bem conhecidos que podemos usar no nosso dia a dia para melhorar nosso bem-estar emocional e fÃsico, diminuindo inclusive a pressão de sermos perfeitos.
10 dicas para lidar com o perfeccionismo
1. Reconheça e aceite suas imperfeições: Entenda que ninguém é perfeito, e está tudo bem cometer erros ou ter falhas. Reconheça que o perfeccionismo é uma expectativa irreal e insalubre.
2. Estabeleça metas realistas: Defina metas que sejam alcançáveis e mensuráveis. Divida suas tarefas em etapas menores e comemore seus progressos ao longo do caminho, não espere só resultado final para isso.
3. Pratique o autocuidado: Dedique tempo para cuidar de si mesmo. Priorize o descanso adequado, atividades relaxantes e momentos de lazer. Isso ajudará a reduzir a pressão e o estresse associados ao perfeccionismo.
4. Desafie seus pensamentos perfeccionistas: Esteja atento aos pensamentos negativos e exigentes em relação a si mesmo. Questione-os e procure evidências de que suas expectativas são irrealistas. Substitua-os por pensamentos mais realistas e gentis.
5. Celebre o progresso, não apenas o resultado: Valorize e reconheça seus esforços e conquistas ao longo do caminho, mesmo que o resultado final não seja perfeito. Aprenda a apreciar o processo e o crescimento pessoal envolvidos.
6. Permita-se cometer erros: Erros fazem parte do aprendizado e do crescimento. Veja os erros como oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, em vez de fracassos.
7. Pratique a aceitação e o perdão: Aceite suas limitações e perdoe-se pelos erros passados. Reconheça que você é humano e está em constante evolução.
8. Busque o apoio de outras pessoas: Compartilhe suas preocupações com amigos, familiares ou um profissional de saúde mental. O apoio social pode fornecer uma perspectiva diferente e encorajamento necessário.
9. Experimente o pensamento imperfeccionista: Em vez de buscar a perfeição, desafie-se a adotar uma mentalidade de “bom o suficiente”. Reconheça que nem tudo precisa ser perfeito para ser valioso e significativo.
10. Aprenda a delegar e a pedir ajuda: Reconheça que você não precisa fazer tudo sozinho. Aprenda a delegar tarefas e peça ajuda quando necessário. Isso permitirá que você se liberte da pressão de ter que fazer tudo perfeitamente.
Também é importante lembramos que lidar com os sentimentos negativos que nos levam a buscar o perfeccionismo é um processo gradual.
Seja gentil consigo mesmo e lembre-se de que o objetivo é buscar o progresso, o equilÃbrio e a autoaceitação, em vez da busca implacável pela perfeição.
Referências
HARDIN, Kimeron N. Autoestima para Homossexuais: Um Guia para o Amor-Próprio. São Paulo: Edições GLS, 2000.
BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.