Fundamentalismo religioso e barbárie: Onde está nossa civilidade?

Fundamentalismo religioso e barbárie: afinal onde foi parar nossa civilidade? Será que abandonamos nossa humanidade em nome da fé?

Um dos maiores desafios que temos no caminho da evolução, é aprendermos a conviver e respeitar as diferenças que nos cercam. Isso é o que nos torna civilizados, e, ao contrário do que se pode imaginar, a civilidade não é algo natural do ser humano, não é algo que nasce com você, é algo que temos que aprender no decorrer da vida.

Devido aos medos ancestrais e pré-históricos, é até compreensível que nasçamos bárbaros, mas dentro de nosso atual estado evolutivo e diante de todo conhecimento que produzimos até hoje, não podemos mais aceitar comportamentos bárbaros e estes devem ser condenados e excluídos veementemente da nossa convivência social.

No passado, todo aquele diferente de nós, seja em aspectos físicos ou culturais, era considerado bárbaro, porém essa leitura superficial era mais uma espécie de xenofobia ou intolerância, do que realmente uma teoria social.

Mais recentemente, o professor Francis Wolff propôs no livro Civilização e Barbárie uma interpretação bem mais racional para os conceitos de barbárie e civilidade, que inclusive foi apresentado pelo professor Leandro Karnal em sua palestra para CPFL:

“É bárbaro todo aquele que propõe, com a sua teoria, a exclusão do outro. E é civilizado, seja um índio Yanomám ou um alemão, todo aquele que propõe a aceitação da existência do outro”.

Nesses termos fica muito mais simples enquadrar os comportamentos bárbaros que presenciamos nas mais diversas esferas da nossa sociedade, mesmo entre aqueles considerados mais instruídos, e o quanto ainda precisamos evoluir para alcançarmos uma convivência civilizada.

É costumeiro vermos pessoas que perseguem os outros por aquilo que os torna diferente.

O assédio moral (bullying) que acontece nas escolas, por exemplo, é uma demonstração desse despreparo intelectual e emocional.

Crianças e jovens, dentro do processo de aprendizado formal, tem menos bagagem para compreender a riqueza da diversidade e, infelizmente, nosso atual modelo educacional não parece criar caminhos para que eles desenvolvam isso, pelo contrário, ele parece influenciar o oposto.

Dessa forma, o que vemos é a construção de uma sociedade que prima pela repetição de padrões pré-estabelecidos e busca acabar com riqueza de nossa sociedade, inclusive, às vezes, com o uso de violência moral e física.

Sistemas que reproduzem padrões pré-estipulados
Sistemas que reproduzem padrões pré-estipulados

O que precisa ser falado até a exaustão é que esse sistema que suprime a diversidade – fonte pura de criatividade, conhecimento e inovação – só torna as coisas repetitivas e estagnadas.

Criar, evoluir e inovar tem como base a mistura do diferente, do inusitado, e como seremos melhores do que nossos ancestrais se ignoramos tudo que aprendemos deles até hoje?

É extremamente prejudicial guiar nossas vidas com base em teorias de milhares de anos atrás que já foram há muito superadas. Estudamos história não para tirar dela regras literais para nossa vida contemporânea, e sim para observarmos os erros cometidos e não repeti-los.

Assim, recomendo que aprendamos o máximo possível das mais variadas fontes para combater o fundamentalismo religioso e barbárie que nos cerca, pois só assim construiremos-nos mais civilizados, até porque “a minha verdade não exclui a do outro”.

Veja na íntegra a palestra do Leandro Karnal sobre confronto religiosos e fundamentalismos e aprenda ainda mais sobre esse aspecto da nossa vida.

E no mais continuemos firmes e fortes.

Referências

Eduardo Salles; CPFL Cultura.

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