Futuro político: O que nos espera?

Futuro político: O que nos espera depois de tanta decepção, lutas e gente gananciosa destruindo aos poucos nossa esperança?

Provavelmente você deve estar cansado de ouvir falar em política. Ela vem dominando os noticiários, redes sociais, roda de amigos, de forma nem sempre agradável, mas ela faz parte da vida e se posicionar dizendo “não gosto de política” ou “não discuto política” foi provavelmente o que nos trouxe até aqui.

Mas fique tranquilo, não vou defender o Governo ou a sua permanência. Não vou falar de manifestações. Nem tampouco vou defender o impeachment, a volta dos militares, ou a ida aos protestos com a babá a tiracolo.

Na minha singela opinião o que precisamos agora, mais do que qualquer outra coisa, é pensar no futuro. E construir cenários onde possamos avaliar critica e desapaixonadamente os cenários possíveis e retomar o crescimento do país. Não vou falar de corrupção porque entendo que esse assunto é uma verdade universal. Não encontro ninguém que seja favorável abertamente a ela, a não ser os próprios envolvidos, e mesmo eles não vão defendê-la em um debate sério e isento.

Mas meu post hoje vai falar sobre a crise econômica atual e os cenários políticos para sua resolução e como isso vai moldando nosso futuro político.

Cenário um.

dilma

O cenário em que a Presidente Dilma continua à frente do Governo é o primeiro deles. Reconhecidamente fraca em termos políticos, a Presidente não tem base governista confiável que lhe permita impor ou sequer propor, discutir e costurar as medidas necessárias sequer à administração do País, que dirá das reformas necessárias à recuperação da economia. Não há consenso dentro do atual governo sobre o que fazer para sair da crise, um dos maiores exemplos é a necessidade de mudança na previdência social. Em um dia o governo diz que esse é um dos pilares da crise e que vai mandar uma proposta de mudança ao Congresso. Algumas semanas depois a Presidente engaveta o projeto, desconversa e não explica porque esse ponto deixou de ser importante ao País.

Isso cria a sensação de que o Governo não sabe pra onde anda, não sabe o que deve ser feito e muda de opinião a cada dia que passa. Isso faz com que o brasileiro a cada dia confie menos no que ela ou seu governo dizem ou fazem, gera insegurança pura e não dá às pessoas nenhuma perspectiva de melhora, o que acaba gerando retração econômica, inflação, perda de emprego e redução de renda.

Mais uma vez, não estou defendendo se essa desconfiança é certa ou errada, nem se a Presidente está ou não certa nos diagnósticos que faz sobre a economia e as formas de enfrentar a crise. Estou apenas apontando que a falta de confiança está colocada como um dos elementos centrais do cenário atual, seja qual for a sua razão ou origem, e faz com que as pessoas consumam menos porque tem insegurança com relação ao próprio emprego e renda, as empresas vendam menos e depois empreguem menos, paguem menos impostos e a crise se aprofunde a cada dia mais.

Nessa altura do campeonato já é mais ou menos de consenso público que mantendo-se a Presidente Dilma no cargo, a confiança não volta, numa situação parecida com um coração traído, que opera na lógica de que perder confiança é fácil, readquiri-la é quase impossível e leva mais tempo do que aquele que dispomos para um futuro político mais equilibrado.

Sem confiança na condução da economia, não haverá reação da população e das empresas. Investimentos serão postergados, pessoas serão demitidas, salários e renda serão achatados, empresas serão fechadas. Você pode até ser esquerdista, comunista ou socialista e reclamar que é um absurdo ficar nas mãos do interesse econômico e financeiro, mas vamos ser práticos, somos um País capitalista, isso até o Digníssimo Lula já entendeu e aceitou, e não há como forçarmos as pessoas a investirem, abrirem empresas ou produzirem e não haverá revolução que tire a propriedade das pessoas. Assim, o cenário econômico só irá mudar se as pessoas tiverem (i) confiança de que trabalhando e produzindo serão recompensadas, (ii) estabilidade para trabalharem e produzirem num cenário estável, com regras confiáveis que lhes permita planejar e executar e (iii) a certeza que terão liberdade sobre o resultado desse trabalho e investimento.

Não adianta tentar apontar culpados ou tentarmos ignorar isso, dizendo que é um discurso de quem só quer forçar a barra para gerar um golpe, pois no fundo o que precisamos mesmo é que as pessoas voltem a confiar na condução da economia. E vamos ser sinceros, a economia é sim o que mais impacta os ânimos das pessoas. A verdade universal é que enquanto a discussão está no campo ideológico a esmagadora maioria do povo não liga para a política, mas quando falta dinheiro no bolso das pessoas, piora a situação geral de trabalho e renda, sejam elas de direita ou esquerda, ricos ou pobres, brancos ou negros, elas vão ficar insatisfeitas e vão passar a desconfiar que o governo não é mais capaz de administrar a situação.

Assim, nesse primeiro cenário a Presidente Dilma fica no cargo, a confiança das pessoas não retorna e a crise ou se agrava, ou no melhor dos cenários, não piora tanto, voltando a melhor quando muito em 2019, depois da posse de um novo Presidente.

Mas façamos uma análise dos outros cenários, porque se você me achou a “trombeta do apocalipse”, a coisa vai piorar.

Cenário dois.

temerDilma sofre o impeachment pelo Congresso Nacional. O vice Michel Temer assume e inicia um governo de transição. Para enfrentar a crise vai ter que fazer muitos acordos para aprovar medidas impopulares para a recuperação da economia. Essas medidas vão depender de personagens políticos acusados pela Operação Lava-Jato, afinal, são 40 os parlamentares sendo investigados. É pouco provável que a população aceite medidas duras vindas de acusados de corrupção. E esses acusados podem ser retirados do poder por novas denúncias e delações premiadas, inclusive o próprio Temer.

Além disso é muito questionável se Michel Temer conseguiria ser uma figura aglutinadora e pacificadora para nosso futuro político. A esquerda, os movimentos sociais e a própria maioria da população não veem nele alguém de confiança para quem se possa entregar o poder. Alguns pensam no Temer como se pensou no Itamar, mas a situação e os tempos são profundamente diferentes, a boa vontade não estará presente e a vida desse governo tampão seria muito difícil. Ao PMDB de Temer restaria o conchavo com os demais partidos para aprovar medidas, receita que já se provou desastrosa no nosso passado.

Nesse cenário, a confiança pode também não voltar se ficar claro que o novo presidente não tem condições políticas de condução da retomada do crescimento. No fundo tudo vai depender do Temer conseguir ou não essa confiança. Se conseguir ótimo, estancamos o prejuízo e a retomada pode acontecer melhorando nosso futuro político. Se não, a situação segue na mesma ou piorando até 2018.

Cenário três.

cunhaO Tribunal Superior Eleitoral cassa a chapa Dilma e Temer e temos a vacância do cargo, o que pode levar a duas saídas.

Se a cassação se der até 2016, novas eleições são convocadas em 90 dias. Nesse período a presidência é ocupada por ninguém menos que Eduardo Cunha, réu investigado pelo STF, achacador profissional e chantagista de longa folha corrida. Nem preciso dizer que nesse cenário 90 dias é tempo suficiente para causar muito prejuízo ao País.

Nessa hipótese a recuperação da economia dependerá de quem for eleito, mas na maior sinceridade, no cenário atual ele precisará fazer reformas impopulares, pode ser que não tenha força ou interesse em fazê-las, especialmente se tiver como projeto ser reeleito em 2018.

Cenário quatro.

renanJá se a cassação ocorrer depois de 2017, ocorre uma eleição indireta, ou seja, o Congresso Nacional, hoje comandado pelo Renan Calheiros, também denunciado pela Lava Jato, escolheria o presidente tampão, sem que a população escolha seu Presidente. Ou seja, você que foi pra rua exigir a saída de uma presidente deverá se conformar com um presidente escolhido por parlamentares corruptos, investigados por envolvimento em um dos maiores escândalos de corrupção do mundo. Evidentemente que esse presidente deverá seu posto àqueles que lhe deram esse lugar, e só governará se tiver esses corruptos ao seu lado, ou seja, vai ser um verdadeiro refém.

Também nesse cenário dependemos do eleito ter força política e interesse em fazer as mudanças econômicas necessárias.

Conclusões.

Enfim, não é exagero dizer que estamos em uma situação desesperadora, sem saídas fáceis ou rápidas. Goste de quem você gostar, seja qual for a ideologia política que você siga, o fato incontestável é que quem for o responsável pela economia terá que recuperar a confiança da população e das empresas na condução da economia, para fazer com que as pessoas voltem a gastar, investir, produzir e consumir, fazendo com que a economia se recupere.

Para fazer esse resgate de confiança terá que fazer ajustes econômicos duros, dos quais dependerá de força política e de força social. A política pode custar caro e a social dependerá do condutor não estar envolvido no lamaçal que Brasília se tornou. São dois elementos muitos difíceis de conseguir atualmente e impactam nosso futuro político.

Assim, na minha opinião, não acredito em uma melhora de ambiente antes de 2018. Infelizmente.

E mesmo pensando em 2018, não teremos um ambiente fácil.

eleições

Lula será candidato, goste você dele ou não. Historicamente o PT sempre teve um mínimo de 25% do eleitorado cativo, militante. Talvez esse percentual não seja o mesmo agora, o que torna a sua eleição muito difícil.

Aécio, Alckmim e o PSDB ontem experimentaram uma nova realidade, a rejeição concreta a seus nomes, mesmo em um ambiente que é agressivamente contrário ao adversário. Isso certamente vai se transformar em rejeição eleitoral o que mina seriamente a possibilidade de se elegerem.

Atualmente no radar nos sobram Marina Silva e, quem sabe, Ciro Gomes. A primeira está absolutamente sumida da cena política. Apesar de ser conhecida do público, há contra ela grandes ressalvas, especialmente a falta de experiência executiva, nunca foi prefeita ou governadora, e nós já vimos o que a falta de experiência pode gerar à condução do País, vide o exemplo da Presidente Dilma. Se eleita será que teria condições para governar? Para isso precisa convencer muita gente, mas ficando escondida nos momentos de turbulência não vai ajudar ninguém a ser convencido.

Já Ciro Gomes é uma figura controvertida. Explosivo e impetuoso, pode ser a pessoa errada na hora e lugares certos, especialmente porque o Brasileiro adora eleger um salvador da pátria forte e machão, que diga, “eu consigo ser o salvador da pátria”, mas que depois pode descambar em mais uma sucessão de discursos demagogos e desmandos feudais. Lembram-se de Collor, da sua caçada aos marajás e seu “aquilo roxo”???

Enfim, a situação é muito ruim, mas com certeza pode piorar e impactar negativamente nosso futuro político, especialmente se não pudermos desenvolver novas lideranças políticas desvinculadas desses escândalos e do circuito dos conchavos existentes. Isso não é fácil de conseguir e talvez levemos anos até que consigamos alçar alguém assim à condição de Presidente. Porém não podemos deixar isso esquecido, temos que começar pelas eleições desse ano, para Prefeitos e Vereadores. Temos que escolher melhor, cobrar mais, nos envolver mais em política e cobrar resultados. Temos que exigir políticas públicas consistentes, e não privilégios, benefícios ou cargos. Temos que nos manifestar mais, mas não só pelas redes sociais, mas também por cobranças dirigidas aos seus representantes e partidos para construirmos o futuro político que queremos e merecemos.

Não é fácil. Não é rápido. Mas dá pra fazer!

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