Morar fora do país é um sonho de muitas pessoas, seja por um tempo ou pela vida, mas essas mudanças também trazem alguns desafios.
Ultimamente as pessoas têm me procurado muito, querendo saber sobre como sair do Brasil, querendo mudar. Talvez seja pela crise do país, talvez seja por algum descontentamento… Mas a verdade é que uma mudança desse tipo deve ser encadeada mais por fatores internos do que externos. Em outras palavras, você precisa querer mesmo. Querer de verdade. Querer pra você, não por qualquer outra coisa.
“Eu tinha medo de partir. Até que parti a primeira vez e se tornou a coisa mais fácil de se fazer. Qual é a razão de viver se não pra fazer algo extraordinário? Não pro mundo! Pra nós mesmos” – Do livro/Filme ‘Paper Towns’, escrito por John Green
Quando eu vim pra Nova York eu tive medo. Muito medo. Eu tinha 30 anos, apenas uma experiência de férias no exterior e um descontentamento tamanho com minha vida. Pra dizer a verdade, nada tinha a ver com o Brasil particularmente.
Eu sei que a gente sofre com falta de segurança, altos preços e uma série de outras coisas que não me incomodavam por eu simplesmente já estar acostumado a tudo aquilo.
Eu estava preso em mim mesmo, isso me motivou. Eu voltara a dar aula, depois de um período trabalhando como ator e como Ghost Writer (o que me dava dinheiro, mas não me levava a lugar nenhum), e, pra ser sincero, quando eu estudei Letras foi sempre buscando a carreira de Escritor, nunca a de Professor. Eu adoro dar aula, estar em sala com alunos, dividir experiências, mas nada se compara ao prazer que eu tenho em sentar pra escrever, dar vida a personagens.
Infelizmente, para pagar minhas contas eu me vi pegando mais e mais trabalhos como professor e me dedicando cada dia menos a escrever. Aquilo me assustou muito. Somando isso a o fim de um relacionamento, eu decidi que era hora de partir pra bem longe e começar do zero.
Eu já vinha pensando em morar fora do país fazia tempo, mas nunca com tanto afinco quanto nos seis meses que antecederam minha partida. E meu plano inicial era ficar por seis meses, não mais que isso. Chegar em Nova York e não conhecer ninguém é bem difícil.
Você se muda para casa de desconhecidos, com companheiros de quarto que bem podem ser psicopatas, e acaba caindo em golpes que prometem empregos que não existem… Algumas vezes, depois de infrutíferas buscas por emprego na Big Apple, eu sentei no Central Park e chorei, pensando na besteira que tinha feito ao largar absolutamente tudo no Brasil por absolutamente nada nos EUA.
Eu tinha a passagem de volta comprada e estava pronto para utiliza-la quando um anjo surgiu na minha vida. Conheci um brasileiro chamado Marcelo que me ajudou a conseguir um quarto pra morar em uma casa onde me senti super confortável e ainda me ajudou a começar a trabalhar.
Foi quando Nova York começou a acontecer pra mim! Com trabalho vem dinheiro, você conhece pessoas que conhecem pessoas e de repente você não está mais sozinho.
Foram cinco meses dolorosos que me preparam para os dois anos maravilhosos que já vivo nessa cidade, que hoje chamo de casa.
Não é fácil, digo a todos que estão pensando em vir e de morar fora do país. Você tem que lidar com uma cultura que não é melhor nem pior que a sua, apenas diferente, mas que ainda sim causa estranheza. Por melhor que você ache que fale Inglês, inicialmente você enfrentar problemas pra se adaptar a usar o idioma em todos os momentos do dia.
A saudade da família e amigos dói muito; eu me tornei viciado em Facebook depois que vim pra cá, pois fico querendo saber sempre o que está acontecendo com todos, sendo que no Brasil eu nem tinha o aplicativo no meu telefone. Porém, uma coisa é certa: Nada é pior na vida do que o “e se…?”.
Sair da sua caixinha, do seu cantinho, é muito difícil, mas você tem que fazer isso pelo menos uma vez na vida. Sair, experimentar, quebrar ou não a cara, mas, acima de tudo viver novas experiências ao morar fora do país.
Nova York foi pra onde meu coração me mandou. Mas quem sabe seu coração não manda você pra uma outra cidade dentro do seu próprio país? Você tem apenas que entender os sinais que estão dentro de você mesmo.
Como disse John Green em seu livro, ‘Paper Towns’: “Sua zona de conforto é pequena, mas é onde você vive. Tudo o que você mais deseja nessa vida está fora dessa zona.”. Portanto, amigos, que tal um passeio fora dessa zona em breve?
“Essa é a segunda vez que estou saindo do Brasil. Não para passear ou aproveitar as férias. Não. Saí, mais uma vez, para morar fora do país e tentar a vida lá fora, sim. De 2008 até 2010, eu morei na Alemanha e na Áustria, porque uma amiga me contou sobre o o intercâmbio de Aupair (Babysitter para aprender idiomas). E como eu sempre me interessei pela língua Alemã, resolvi tentar para poder aprender o idioma com mais segurança e estrutura. Foi uma experiência incrível. Não aprendi só o alemão, mas aprendi a viver. Dali em diante eu sabia que minha vida não era mais no Brasil. Pois bem, retornei às terras tupiniquins, e com a experiência adquirida no exterior não foi difícil arrumar um emprego na área da docência. E fiz uma boa carreira até ano passado. Mas eu me fazia a mesma pergunta todos os dias: é isso que quero pra mim? É aqui que vou viver? Mesmo mudando de estados no Brasil, não me contentei. No meio do ano passado recebi uma oferta do meu trabalho de levar uns alunos para um intercâmbio na Áustria, que seria em janeiro desse ano. E foi ali que eu vi mais uma oportunidade. E foi assim que vim parar aqui na Alemanha novamente. Cheguei em fevereiro em Munique para prestar uma prova para o preparatório para a faculdade. Se eu passasse, eu ficaria. Se não, eu voltaria para o Brasil. Bom, passei e aqui minha luta começou, mais uma vez. Tem sido uma experiência completamente diferente da primeira. Agora já domino o idioma, e, aqui, estudo para me preparar para a faculdade de Germanistik (quase Letras, mas com todo um background voltado para línguas). Em menos de seis meses eu me mudei três vezes e arrumei dois empregos (entre garçon, barman, Babysitter). Munique é uma cidade linda, mas muito cara para se morar. Literalmente, o aluguel é muito caro. Mas a qualidade de vida compensa tudo. Poder andar de bicicleta por qualquer lugar e ser respeitado como se tivesse num carro. Sair à rua pela madrugada e usar o celular (que por sinal, parte desse texto foi escrito na rua às 2:30 da manhã), ter transporte de qualidade a qualquer momento, sem falar nos prazeres da gastronomia e das cervejas alemãs. A chique cultural, por mais que eu esteja acostumado, ainda me pega despercebido, às vezes, mas faz parte dessa integração. Faz parte dessa mistura de povos. Munique é uma cidade multicultural e eu adoro isso. A troca de idiomas, de costumes, de ideias. Eu estudo com americanos, chineses, russos, alemães, colombianos e todos falam a mesma a língua. Sim, o alemão é a língua que nos une fisicamente, mas a vontade de quebrar as barreiras e nos desafiar a cada dia é o que nos motiva a viver.”
“Me lembro claramente do dia que vi o panfleto sobre Au pair na faculdade. Fiquei super animada, peguei um e levei pra casa. Na época, ainda tinha 17 anos e não poderia fazer o intercâmbio, então decidi que faria assim que terminasse o curso de Letras. Assim o fiz. Já tinha a ideia de morar fora do país desde quando comecei a estudar inglês, sempre tive a vontade de vivenciar um novo cotidiano. A estrada para ser au pair não foi fácil e foi também muito demorada. Fui parar en NY em uma família bem peculiar e não me adaptei, chorava todos os dias, não comia e sofria sem entender quando tudo aquilo iria passar. Sai dessa família e fui para o Maine! Me senti ainda pior e num piscar de olhos estava eu de volta ao Rio de Janeiro, frustrada, triste e deprimida. Deu tudo errado! Isso não me desanimou, anos depois tive a oportunidade de ser bolsista da Fulbright e voltei ao EUA dessa cez para Utah para dar aulas de Português e cursar algumas matérias. Foi uma experiência incrível, lógico que com suas dificuldades, mas, eu comecei a ver os EUA de uma maneira diferente e mais carinhosa. Acho que a idade também fez diferença e o tipo de intercâmbio. Foi um ano que cresci e aprendi a viver comigo mesma. Agora, estou mais uma vez de volta ao EUA, no Texas dessa vez, para fazer o meu mestrado. Já conheço os EUA pelas experiências passadas e por turistar aqui também, sinto muita falta do meu país e raízes claro, mas entendo que estar aqui é uma oportunidade de ouro. Estudar aqui é um super gatilho na carreira de qualquer pessoa, ainda mais na minha como professora. Morar fora não é fácil, traz muitos desafios mas te faz crescer de muitas maneiras. Eu não me arrependo em um só minuto de estar aqui, sei que minha família e amigos verdadeiros estarão lá quando eu voltar. Sair da zona de conforto é um desafio que sempre compensa. E afinal, o que eu contaria para os meus netos?!”