Perfeição plástica para relações ocas

Perfeição plástica para relações ocas afinal o que importa mesmo e uma autoestima elevada e um físico galgado para postar selfies. Será?

“Ama-se acima de tudo”.

“Você vale muito”.

“Você é a pessoa mais importante do mundo para você mesmo”.

E assim seguem os discursos dos gurus da autoestima e as frases prontas nas redes sociais, muitas delas acompanhando um indispensável selfie.

O interessante é que todo esse amor próprio as vezes parece mais uma fuga, um habeas corpus conseguido com antecedência para nos resguardar de qualquer sofrimento.

Funciona com um discurso do “tentei ter um relacionamento, mas não deu certo por que o outro não era bom o suficiente e eu me amo demais para perder tempo com isso”.

A questão é que essa perda de tempo na verdade se chama trabalho. Sim, por que dá trabalho amar, dá trabalho aprender a conviver, dá trabalho aceitar nem tudo será como queremos, dá trabalho admitir que o príncipe encantado não existe.

Mesmo o cinema vem abandonando o conceito higienizado desse príncipe plastificado que está acima de qualquer defeito, afinal todos nos erramos, todos somos bons e ruins.

Porém há os que não cedem, não admitem qualquer erro, qualquer coisa fora da perfeição, e seguem com seus discursos de amor próprio acima de qualquer coisa.

E assim vamos vendo cada vez mais pessoas solteiras, buscando um alguém cuja perfeição seja agradável a seus olhos e aos olhos da sociedade, pois nada realmente existe se não puder ser compartilhado (e invejado) nas redes sociais.

Amar-se é necessário, mas não quando isso se tornar tão forte que nos cegue diante da nossa humanidade, de lembrar que o outro também é uma pessoa digna de amor, atenção e também tem defeitos.

Desconfio dos discursos para autoestima elevada demais e observo com muita atenção as atitudes que disso podem resultar, afinal, isso tende a se tornar mais uma prisão do que uma libertação.

Então, na próxima vez que buscar alguém, dispa-se do ideal photoshopado e busque alguém real, que te ame e te respeite, mesmo que difira muito do estereótipo velho príncipe cinematográfico.

Esperando um mundo com mais amor e sem a perfeição plástica, me despeço.

Um grande abraço,

2 comentários em “Perfeição plástica para relações ocas”

  1. Heller..essa foi uma ótima reflexão sobre relacionamentos gays e auto-estima.E um dos pontos mais interessantes nesse texto,foi a ênfase de que ”amar dá trabalho”..e na realidade 70% não está disposto a amar como se realmente deve.

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