Um Estranho no Lago de Alain Guiraudie

Um Estranho no Lago é um drama policial que explora de forma crua e explícita certas relações transitórias entre homossexuais.

Um estranho no lago
Um estranho no lago

Ficha Técnica
Título: Um Estranho no Lago (L`inconnu du lac)
Direção: Alain Guiraudie
Distribuição: Imovision
Gênero: Drama , Policial
Ano: 2013
Duração: 1h37min

*Contém spoilers

O drama se desenrola em um lago afastado, onde homens menos puritanos se encontram para se banharem, tomar sol e encontrar parceiros para um sexo casual.

Sem pudores, o filme mostra as cenas de sexo sem sutilezas, escancarando um lado menos romantizado dessa relação humana. Em um dos momentos mais icônicos, o sexo entre os personagens principais tem como acompanhante o som de um inseto irritante, algo que concede a cena uma crueza que pode incomodar os mais sentimentais.

Com ritmo lento e contemplativo, a edição se utiliza de longas cenas do lago, da chegada tranquila dos carros ao estacionamento do lugar e de conversas pausadas para construir um filme que pode ser cansativo para quem está acostumado às produções cheias de efeitos especiais e explosões do cinema hollywoodiano.

A história gira em torno de Frank, um homossexual que vai ao lago com certa frequência. Logo no começo do filme ele conhece e faz amizade com Henri, um homem heterossexual, solitário e depressivo que está ali, supostamente, apenas em busca de alguma tranquilidade. No decorrer do filme é possível verificar que a solidão de Henri é tamanha que o faz ter uma ação suicida.

O mote principal da história é a relação de Frank com um homem muito atraente, pelo qual ele se apaixona. O problema nessa relação é o fato dele ser testemunha ocular do assassinato que esse homem cometeu no lago.

Para não perder o amante belo e viril que finalmente encontrou, Frank finge ignorar sua periculosidade e se nega a entregá-lo, ficando calado mesmo diante de uma investigação policial no lugar.

Um estranho no lago

Aliás, é o investigador que revela o egoísmo e a frivolidade do lugar em um confronto com Frank, no qual ele diz que esperava, pelo menos, maior união entre os homossexuais dali, que nem perceberam o sumiço da vítima, não conheciam outros frequentadores do lugar, nem mesmo pelo nome, e que preferiam o silêncio a entregar um amante criminoso (principalmente se ele fosse belo e viril).

Ao se calar e continuar sua relação doentia com um assassino, Frank também age de forma suicida, algo que é confirmado ao final do filme, quando, tarde demais para se arrepender, Frank prefere se entregar ao assassino chamando seu nome em meio à uma floresta vazia e escura.

Tamanha profundidade do enredo, é um filme que pode ser lido e relido várias vezes e por diversas óticas, nos provocando a pensar sobre ao que estamos dispostos a lançar mão por sexo, relacionamentos e para não ficarmos sozinhos.

O medo da solidão pode ser um tiro no pé, ou em lugares até piores.

Um estranho no lago

 

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