O gay manequim criado por homofóbicos e comprado por muitos LGBTs

O gay manequim, o belo exemplo que a sociedade conservadora gosta. Discreto, perfeitinho, educado e, já disse: discreto.

Não bastasse a luta diária que enfrentamos contra os ignorantes, os preconceituosos e os doentes de mente e de alma, ainda temos que lidar com um preconceito dentro da comunidade LGBT baseado em padrões velhos e cansativos.

Seja reforçando a heteronormatividade, o hipermasculino ou buscando o desenho da perfeição para compensar a sensação de inferioridade que o preconceito pode incutir, ele sempre aprece nas baladinhas, nos blogs e vlogs, nas contas do Instagram e nos aplicativos de relacionamento.

E vem dançando em frases enjoativas como “feminino demais”, “muito bichinha”, “bonito, mas delicado”, “não curto afeminados”, “nada contra, mas gosto de jeito de homem”, “mas tem um jeitinho…”.

E vai dançando em ilusões patéticas buscando no outro uma imagem ilusória que supra de si o se sente falta ou se tem vergonha.

Mas em algum momento isso cansa e um grito de “foda-se” sai retumbante pela garganta contra uma realidade que aprisiona e pesa sobre os ombros.

Assim, fodam-se esses padrões, esses preconceitos, esses ideais.

Foda-se se meu corpo é gordo, se sou feminino, se sou delicado e desmunheco.

Foda-se se minha altura não te agrada, se meu jeito de falar te envergonha e se minhas músicas não são o ultimo apogeu do cult.

Foda-se se minhas roupas são de fast shop, se meu cabelo é bagunçado, se minhas séries são clichê.

Foda-se se eu não frequento as baladas mais hype, ou tomo o drink caro às quintas-feiras, ou passo o final de semana mergulhando em uma piscina infinita para exibir meu corpo musculoso.

Foda-se se meu cofrinho apareceu, se o filtro da foto não esconde minha pele imperfeita, se minha bunda não é empinada suficiente para bater na cabeça ou se meu pau não vai até o joelho e tem o diâmetro de uma garrafa pet.

Foda-se!

Eu não sou um gay manequim a serviço dos desejos nocivos da sociedade que quer nos cobrar sermos “perfeitinhos” para aceitar que somos gays, bichas e VIADOS!

E menos ainda estou aqui para fazer par com outros gays que aceitam e disseminam esses ideais.

Cansado dessas normas, venho encontrando forças e felicidade em amar quem sou ao reconhecer e me aceitar com todos meus defeitos e qualidades.

Sou minha melhor companhia, por que antes de tudo venho aprendendo a respeitar quem eu sou mesmo sabendo das minhas muitas falhas, preferências e trejeitos.

E enquanto não achar o mesmo respeito que aplico a mim e a outros em alguém, prefiro continuar só com minha companhia: imperfeita, zombeteira e dramática.

Referências

Imagem de capa;

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