Origens da crise econômica

As origens da crise econômica que vivemos tem bases bem claras e que precisam ser entendidas para consertarmos e evitarmos mais problemas.

Sei que o assunto é chato, que pouca gente gosta, mas acho bem importante você ler alguma coisa básica sobre o assunto, seja pra impressionar seu chefe no cafezinho, deixar seus parentes impressionados com a sua maturidade ou só pra saber mesmo.

Então vamos do início, de forma bem coloquial, como se estivesse acontecendo uma conversa entre pai e filho:

Pai, o que é o ajuste fiscal?

Pai – É o conjunto de medidas que estão sendo tomadas para readequação de alguns pontos da economia.

Mas tinha alguma coisa errada com a economia?

Pai – Apesar de negar o período da campanha política, atualmente até mesmo o Governo Federal reconhece que a economia está diante de alguns problemas ou situações desequilibradas que precisam ser readequadas. O Governo diz que são ajustes pontuais e transitórios mas a oposição diz que são ajustes macro-econômicos profundos e definitivos que alteram em muito a política econômica dos últimos anos. Seja como for a necessidade do ajuste é reconhecida por todos atualmente.

E esses erros se originaram de onde?

Pai – Como tudo na economia existem muitas teorias para explicar um monte de coisas, e aqui a situação é a mesma. A posição do Governo é de que os problemas se originaram basicamente na economia internacional, com um misto de desaceleração mundial desde a crise de 2008, queda do preço das commodities que o Brasil exporta, queda permanente do preço do barril do Petróleo e políticas monetárias dos países desenvolvidos. Outro motivo indicado seria a crise hídrica pela qual estamos passando.

O Governo acredita que desde 2008 a crise internacional cobrou um preço amargo para o Brasil. Os países desenvolvidos começaram a emitir moeda para garantir algum dinamismo nas suas economias, o que gerou um tsunami monetário pois entrou muito dinheiro externo no Brasil.

Com mais dinheiro no mercado o valor do real começou a se valorizar frente as outras moedas e com isso as importações e os gastos dos brasileiros no exterior começaram a ficar mais baratos.

Mas isso não é uma coisa boa? Poder viajar e comprar bastante nos outlets não é legal?

Pai – Se por um lado é legal para os consumidores, por outro lado isso é péssimo para a economia brasileira. As indústrias começaram a perder mercado vendendo menos, e com isso geraram menos empregos, menos impostos e menos crescimento econômico para o nosso País.

Com o aumento das importações, começou a ter um desequilíbrio na balança comercial, o que significa dizer que todos os meses gastamos mais do que vendemos. Isso não seria um problema se a geração da renda interna fosse suficiente. Porém, com a indústria em desaceleração, ficou difícil compensar.

Mas não foi só. Até recentemente, nossa economia ainda resistia bem porque vendíamos muitas commodities.

Commodities? Que bicho é esse?

Pai – Commodities são mercadorias de baixo valor agregado, geralmente matéria-prima, que são negociadas em grandes volumes nos mercados, como soja, gado, petróleo, ferro, cobre, etc. Elas são a maior parte das nossas exportações e representam um valor muito importante dentro da nossa economia.

Até 2013 vendíamos muito bem essas commodities e isso representava um valor muito grande de dólares que entrava no País, porém os preços das commodities começaram a despencar no mercado internacional, representando uma queda expressiva dos valores que recebíamos pela mesma quantidade de produtos que vendíamos. Ou seja, começamos a ter menos dinheiro para compensar a perda do setor produtivo.

Então foram todos esses problemas externos que baquearam a nossa economia?

Pai – Na verdade esses fatores não foram os causadores exclusivos da crise. O que aconteceu é que para fazer frente a essas medidas foram tomadas medidas anticíclicas que com o passar do tempo ou não atingiram seus objetivos ou criaram novas distorções que pioraram as coisas.

As cotações baixas do dólar, apesar de gerarem consumo, não geraram poupança, nem riquezas novas e ainda fez a indústria brasileira perder competitividade e reduzirem suas atividades. Quando você comprava produtos lá fora bem mais baratos, a venda de produtos brasileiros caía, o que levava ao fechamento de postos de trabalhos e redução da atividade econômica brasileira.

Uma outra medida tomada pelo Governo foi o represamento dos preços controlados, como energia elétrica e combustíveis mantendo-os em valores menores do que os preços que deveriam ter sido cobrados por esses produtos.

Mas controlar esses preços não foi melhor para segurar a inflação?

Pai – Na verdade o que aconteceu foi o inverso, pois quando foi autorizado o reajuste ele veio muito acima da inflação. Além disso a inflação já estava saindo do controle de qualquer forma, então manter o preço congelado não evitou que a inflação voltasse, e ainda gerou impacto no caixa das empresas desses setores, que vieram amargando prejuízos crescentes e hoje precisam de maiores aumentos para recompor o que perderam.

Ao mesmo tempo, para tentar reaquecer o mercado o Governo começou a gastar mais, como forma de dinamizar a economia.

Se foi gasto mais dinheiro pelo setor público, isso foi revertido às empresas e aos empregados, o que é uma coisa boa não?

Pai – As conclusões de alguns analistas de mercado indicam que as medidas foram ineficientes, pois o aumento do gasto público não foi feito de forma correta, se gastou mais sem ter qualidade. Um exemplo disso pode ser visto nas obras de infraestrutura energética que não geraram o retorno esperado, tiveram valores muito acima dos previstos, mesmo se ignorada a corrupção e não foram suficientes para gerar um retorno à população. Também não houve melhora nos serviços públicos, nem crescimento na infraestrutura nem dinamização dos processos burocráticos do País.

Com isso as empresas continuaram ineficientes, o que fez o custo da sua produção e do produto final das empresas brasileiras permanecesse alto e não competitivo se comparado aos produtos importados.

Além disso, se gastou mais do que se arrecadou, tanto que no ano passado a lei que previa a economia que o governo deveria fazer no ano foi alterada no final do ano apenas para que se pudesse acomodar os gastos que foram maiores do que os previstos e impediram o Governo de economizar para pagar os juros que deve. Em outras palavras é como se o Governo tivesse uma conta corrente, ela estivesse no negativo e não tivesse dinheiro para pagar os juros dessa dívida.

E porque o Governo tem que pagar juros?

Pai – Porque o Governo não tem dinheiro suficiente para pagar todas as suas despesas com os impostos. Por isso emite títulos para pegar dinheiro emprestado no mercado e financiar seus gastos. É como um empréstimo, o Governo emite o título e sobre esse título em determinado tempo ele tem que devolver o que pegou mais os juros sobre esse dinheiro.

Mas teve também uma época que o Governo baixou os juros na marra, né? Isso não ajudou?

Pai – O que o Governo fez foi forçar artificialmente a queda dos juros para poder emprestar dinheiro à população e às empresas com custo menor para pagar. Apesar de parecer bom, isso injetou dinheiro no mercado e fez a inflação aumentar. Isso porque quando há mais dinheiro disponível no mercado as pessoas gastam mais, e quando há maior gasto o mercado começa a tentar cobrar mais pelos seus produtos, e isso pressiona a inflação. Juntando isso com a escalada de aumento dos salários tivemos um excesso de dinheiro disponível e os preços começaram a aumentar.

E no final, o que gerou essa crise toda?

Pai – Foi a combinação desses fatores todos, incentivos mal calculados, excesso de dinheiro, queda das commodities, represamento de preços, enfim, foi a soma de vários fatores.

Que salada! Mas o que está sendo feito pra melhorar?

Pai РBom isso ̩ um assunto pra outra conversa.

Lembro a todos que não sou economista, esse texto não tem valor científico e pode conter análise e conclusões divergentes de outras linhas de pensamento econômico, pois se trata mais de um apanhado geral sobre a minha impressão acerca dos eventos aqui narrados.

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