Ser gay e feliz exige alguma insensibilidade?

Ser gay e feliz exige alguma insensibilidade da nossa parte? Será que precisamos limitar nossa sensibilidade para viver esse mundo louco?

Ultimamente estive pensando sobre isso e que para ser gay e feliz vamos criando uma casca grosso e resistente.

Frequentar esses muitos aplicativos de pegação tem me feito pensar sobre essa dança de interesses realizada a cada match que acontece.

Primeiro vem aquela ansiedade de, ao encontrar algum perfil interessante, esperar para ver se o interesse é correspondido.

Caso não, seguimos para o próximo perfil. Se sim, vem a ansiedade de engatar uma conversa, ver se o interesse mútuo continua, manter a conversa acontecendo e seguir para um possível encontro físico. Mais conversas, talvez uma relação sexual nesse interim, e seguimos na roleta tentando fazer dar certo ou partindo para a próxima busca.

É quase como passar por uma entrevista de emprego a cada pessoa que nos atrai, algo que para alguém ansioso como eu é quase um martírio.

Eu gosto de evitar ao máximo magoar a outra pessoa, afinal não quero as pessoas se sentindo mal por causa das minhas ações. Porém isso se torna quase impossível, afinal não nos sentimos atraídos por todos, nem todos se sentem atraídos por nós. E nesses casos, como agir?

Não responder aquela primeira mensagem de alguém que sabemos não nos atrair dentro do aplicativo às vezes se torna o mais fácil, mesmo assim, para aqueles que somente na conversa descobrimos não termos tanto em comum, fica ainda mais difícil evitar magoar o outro.

Particularmente eu não me importo com as minhas mensagens que não são respondidas ou com aquele cara que some, mas me sinto estranhamente mal quando eu ignoro a mensagem ou preciso dizer “olha, não está rolando química entre nós”.

Esse é o tipo de casca que eu sinto que preciso construir. Afinal somos todos adultos e sabemos que estamos em uma busca que pode ou não ser bem sucedida, mesmo assim não é algo fácil.

O interessante é que ouvir uma negativa não me incomoda mais (depois de tantas), já dar a negativa sim. Talvez por tudo que já sofri evito tanto magoar outros, mesmo que às vezes isso seja mais minha impressão do que realmente um sentimento do outro.

Talvez uma das lições para mim nesse ano, já que me comprometi a me expor a esse tipo de situação buscando aprender, evoluir e – quem sabe – amar, seja aprender a dizer não sem sofrer tanto por mim ou pelos sentimentos do outro (que muitas vezes nem são tão aflorados assim).

E se isso significa ser um pouco mais insensível em algumas situações, mas pode me fazer mais feliz depois, acredito que valha a tentativa.

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