Celebrar pequenas conquistas parece cada vez mais difícil em um mundo que aparenta que tudo precisa de fortes holofotes.
A viagem até ali não é nada, importante mesmo é a viagem internacional.
Manter a saúde é pequeno, se o corpo não é esculpido.
Descansar aos finais de semana é quase criminoso diante das inúmeras possibilidades de cursos e exercícios para se aprimorar, mesmo de casa.
E diante de uma pandemia que nos levou a uma quarentena, se seu rosto não está em lives, debates e redes sociais, você parece não existir.
E assim a armadilha que já vinha sendo anunciada continua forte e vamos nos tornando reféns das nossas segundas vidas digitais.
Diante disso eu só consigo abrir meus sorrisos debochados, e não debochados por maldade ou superioridade, mas de uma alma cansada que já viu muita coisa nessa vida.
Tudo é tão passageiro e insignificante que me faz rir a agonia de buscarmos “sermos alguém” por meio de uma conquista instantânea, números nas redes sociais ou um pouco mais de brilho na iluminação das nossas transmissões ao vivo.
E a intenção, reforço, não é ser arrogante, é um sentimento ou um pensamento automático, que cresce na minha mente.
Esses dias eu fui celebrar pequenas conquistas do meu dia a dia, coisas simples, pequenos gestos, pequenos passos que para mim foram homéricos.
Em tímidas ações, conquistas tão importantes para mim.
Enfrentar minhas dores de articulações machucadas e praticar alguns exercícios, sem pretensões de um corpo galgado.
Alongar o joelho dolorido conseguindo descer a mão um pouquinho além do joelho e pronto, lá vou eu celebrar pequenas conquistas do corpo.
Tomar sol em uma tarde qualquer, escrever mais um artigo para o blog, gravar um vídeo desfocado, mas ir até o fim, ler três páginas de um livro.
Pequenas coisas, pequenas conquistas.
Só espero me lembrar sempre de celebrar pequenas conquistas, apesar de tanta pressão para sermos mais “brilhantes”.
Afinal, ser a gente mesmo nesse mundo louco já vem sendo uma grande conquista.
Referências