Envelhecer é proibido na sociedade digital, mas até quando será roubado o nosso envelhecer, nosso construir de vivências para esse momento?
A juventude é cara, custosa e deixa muita gente ainda mais rica, então se torna um produto cada vez mais vendável, comercializado e divulgado.
Afinal, como manter a pele jovem, cheia de colágeno, sem comprar o creminho da marca luxuosa?
E assim a mÃdia vai alimentando esse imaginário da juventude eterna, a qualquer custo, para corpos e peles impecáveis, enquanto isso poucas conversas surgem com o intuito de falarmos das velhices possÃveis e suas possibilidades.
Como se nossa natureza fosse desprezÃvel em sua idade avançada e o jovem, sem muito conhecimento pela óbvia falta de vivência, fosse o apogeu de nossas trajetórias (sic).
Porém vamos envelhecer, pelo menos a maioria de nós, imagino, e o que será de nossas vivências quando chegarmos lá?
Como será nossa saúde, nosso entretenimento, nossa convivência social?
E que tipo de polÃtica está sendo criada e preparada para sustentar esse importante perÃodo das nossas vidas?
Que grupos, debates e conversas são fomentados atualmente de forma a nos preparar para uma velhice saudável e plena?
Já se foi o tempo de imaginar uma pessoa a partir de determinada idade sentada na cadeira de balanço, tricotando e falando mal das coisas que vê na televisão.
Não que isso seja um problema em si, aliás é uma ideia que já me agrada hoje, mas com certeza não é a única possibilidade.
E para que outras possibilidades sejam sustentáveis precisamos de muita ação continuamente, até porque o número de pessoas velhas só vai crescer.
Seja em debates polÃticos, seja em conversas pessoais, seja no campo da saúde, das finanças, do suporte coletivo, o diálogo precisa estar aberto e consciente.
Contudo, no lugar disso, vemos ainda o alimentar de ideais individualistas e irreais de juventude eterna com uma enorme falta de perspectiva e ações de longo prazo que sustentem nossas velhices.
Então, como se já não bastasse todos os desafios biológicos que o envelhecer nos traz e ainda a pressão social e sua vergonha infantil da velhice, vemos o planejamento social para a velhice padecer sem suporte e olhares responsáveis.
Quase em uma filosofia de que quem é “jovem” hoje não precisa pensar ou se envolver com isso, pois ainda tem muito tempo para chegar lá.
Mas a pergunta que fica é: envelhecer é proibido, mas até quando?
Referências
Imagem de capa: reprodução da internet;