Ansiedade crônica, um desafio diário

Ansiedade crônica é um vulto onipresente que tira um pouco de prazer de tudo que formos fazer.

Pelo menos para mim é assim.

Como uma pessoa que sofre de ansiedade crônica há muitos anos aprendi a conviver com esse fantasma que nunca abandona seus lugares de assombração.

O interessante é que a ansiedade se apresenta em detalhes muito pequenos do dia a dia.

Dirigir, atravessar a rua, fazer uma viagem, visitar um amigo, participar de uma reunião, ver televisão aos finais de semana, ser tocado.

Em todos esses momentos ela está lá, agitando a mente e me colocando em estado de alerta.

Controlar esse impulso é um desafio diário, constante e que exige estar muito consciente.

São remédios, terapia e muita atenção interna para conseguir manter certo equilíbrio emocional e não ficar paralisado ou em completo descontrole.

Para dirigir, por exemplo, me manter calmo e dirigir dentro dos limites de velocidade é algo crucial para não disparar minha ansiedade.

Trago esse exemplo porque vejo o quanto ele é incompreendido por muitos. Colegas e familiares dizem de forma jocosa que “dirijo muito devagar”, porém só eu sei dos riscos (além dos naturais) de tentar me arriscar em velocidades maiores do que minha ansiedade é capaz de lidar.

Certa vez, atravessar uma rua me causou um surto, foi um momento muito complexo, porque a mente não diferencia o real do imaginado.

Obviamente pessoas ao meu redor, despreparadas, desinformadas e ignorantes, acharam mais proveitoso fazer piadas da minha situação ao invés de, pelo menos, cuidarem de suas próprias vidas.

Porém o curioso é que esses fatos não me tornaram mais frágil, ao contrário, me tornaram mais forte.

Não pela atitude medonha das pessoas, claro, mas porque em todos esses momentos eu me concentrei em mim mesmo e na minha batalha pessoal ignorando qualquer outra pessoa ao meu redor.

Naveguei internamente buscando mecanismos e meios para lidar com essas e várias outras situações, aliás preciso fazer isso até hoje.

Respeitar os limites de uma mente ansiosa é um trabalho recorrente, afinal o que ontem não causava crise, pode causar de uma hora para outra e sem maiores explicações.

Durante muito tempo precisei inclusive me distanciar das pessoas para, olhando meu eu, encontrar os caminhos que mais funcionavam para mim.

É um trabalho individual e muito dispendioso. Com certeza não é uma tarefa trivial e exige uma estruturação interna muito elevada para se criar a sustentação desse processo eterno de autocontrole.

Não tenho pretensões de um dia me “curar” disso, meu alvo agora é gerenciar isso dia a dia, desafio a desafio, sabendo que minha mente é o que ela é.

Saber conviver consigo mesmo é algo que ninguém mais pode fazer por nós e, nesse sentido, preciso ser o melhor ouvinte com a maior empatia para me abraçar e me fortalecer.

Claro que esse é o meu caminho, minhas escolhas, é o que funciona para mim, porém isso não é uma receita universal.

Cada pessoa que sofre de ansiedade crônica vai encontrar seus mecanismos e sua trajetória para se fortalecer.

De qualquer forma, a luta contra essa ansiedade é constante, difícil e ardilosa.

Referências

Imagem de capa;

1 comentário em “Ansiedade crônica, um desafio diário”

Deixe uma resposta

Rolar para cima