Todos sabem de tudo: Nosso cansativo mundo de sabichões

Todos sabem de tudo e já não é mais possível dar um passo sem que apareça alguém com sua opinião, que também é a única verdade do mundo.

Preguiça!

Cada ser humaninho desses carrega a convicção de represar em si todas as respostas de como os outros devem viver, agir, falar, pensar, comer, expressar fé etc.

E se acham tão melhores por isso, tão superiores em seu reduto de sabedoria cega que ficam incapazes de ver qualquer coisa além de sua realidade distorcida.

Que preguiça.

Uma das primeiras coisas que qualquer pessoa tende a perceber quando sai da infância é que a verdade absoluta não existe, que vivemos em um mundo diverso, com visões e formas de viver distintas.

E foda-se.

Foda-se se seu vizinho se relaciona com pessoas de sexo diferente dele, ou igual, ou nem transa.

Foda-se se você segue uma religião monoteísta, politeísta ou nem acredita em nada.

Foda-se se você se identifica com o gênero que lhe foi dado no momento do nascimento ou não.

Foda-se se você é magro, malhado, pauzudo, de vagina rosadinha ou nada disso.

Foda-se!

A premissa básica da civilidade deveria saber que minha vida, minhas escolhas pessoais, não interessam aos outros e que posso e devo viver e conviver com pessoas, estilos e escolhas diferentes das minhas.

Respeito deveria ser a única regra.

Então parem de impor seu estilo de vida, sua religião, suas crenças, suas opiniões para outros. Sério. Só cala a boca.

Nada disso interessa.

Maldita redes sociais que deram eco para um bando de idiotas que tentam impor suas ideologias aos outros e ainda tendo a cara-de-pau de dizer que o fazem para evitar vieses ideológicos (sic).

Nojo dessas pessoas e desse mundo onde todos sabem de tudo.

E agora se esgueiram pela política, pelos jornais, pelas redes sociais espalhando seu ódio, seu visco, sua nojeira, sem nem terem vergonha.

Uma porcaria que cresce em meio a essa política vil, bandida e imbecil liderada por um ser humano desprezível que só faz rir de piadas tão nojentas quanto ele mesmo.

Que merda hein! Que merda!

E me lembro agora da proposta do Prof. Francis Wolff acerca da diferença entre o bárbaro e o civilizado que, em resumo, seria:

É bárbaro todo aquele que propõe com a sua teoria a exclusão do outro. É civilizado todo aquele que propõe a aceitação da existência do outro.

Assim sigo na torcida para que o antídoto para o todos sabem de tudo surja com um simples: “poxa, não sei sobre isso”.

Referências

Na imagem de capa, os Três Macacos Sábios, ou ainda, Mizaru Kikazaru Iwazaru que significa basicamente: Não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal, quase uma ironia nesse mundo onde a polêmica é o novo objetivo de venda.

Deixe uma resposta

Rolar para cima